quarta-feira, 28 de julho de 2010

Por que Marina Silva?


Confesso que entre os três principais candidatos à presidência da República, Dilma (PT), Serra (PSDB) e Marina Silva (PV), já pensei em apoiar todos. Não ao mesmo momento, claro. Talvez seja por não ter uma ideologia consolidada, não que isso seja uma característica negativa, mais até positiva, na medida em que estamos dispostos a aceitar novas opiniões, visões de mundo, etc.
Mas por que Marina Silva?
Essa semana, como de costume, navegando por websites de imprensas virtuais deparei com fatos que me fizeram repensar sobre qual candidato escolher. E foi ai que optei por Marina Silva.
No quadro de política, as informações que diziam respeito a Serra e Dilma estavam retratando apenas uma briga entre os dois, disputando qual partido era melhor, qual trouxe melhorias para o Brasil, quem é o responsável pelo "Bolsa Família",quem é o que deseja ser ... Por outro lado, quando deparei com as notícias sobre Marina Silva, encontrei uma candidata que não travava brigas contra nenhum partido, mas contra problemas de nosso país. Enquanto os outros candidatos (Dilma e Serra) faziam comícios pelo Brasil a fora, visitando os Estados nos quais seus partidos e aliados tinham grandes porcentagens de votos, Marina Silva foi visitar uma das casas populares de apoio a Marina Silva.
As casas populares de apoio a Marina Silva, são as próprias casas de cidadãos comuns, os quais abrem suas portas para apoiar a candidata na eleição que ocorrerá em outubro.
Achei muito interessante essa iniciativa. Interessante para a DEMOCRACIA, que enxerga agora uma iniciativa popular emergente, entre muitas outras virtudes.
Depois disso comecei a "investigar" a vida de Marina Silva, suas propostas e seu partido. E outra coisa que destaco como de grande importância: O partido de Marina, PV, está aceitando opiniões sobre suas propostas, sobre suas opiniões.
Está ai o por que Marina Silva. Uma candidata que esta mobilizando a sociedade civil, rompendo com a apatia política de muitos, fazendo com que eles exerçam seus direitos e deveres de e como cidadãos.
E, a antiga visão que eu tinha dela - uma candidata despreparada, sem curriculo forte- foi totalmente esquecido. Vejo Marina como a candidata mais disposta ao poder, uma candidata com um currículo político forte (http://www.minhamarina.org.br/blog/2010/05/os-primeiros-anos-na-politica/)
43 na cabeça!


Matheus Gomes M. Ferreira

Seres ubíquos


Com todo esse ar de campanha política, um fato me chama devida atenção: o uso da internet como participação política. Vários partidos e candidatos estão utilizando das redes virtuais para atingirem o maior número de eleitores possíveis. Uma prática que ganha força no Brasil depois de observarmos sua experiência positiva nas eleições para presidência dos Estados Unidos da América.
Acredito que o uso de tais instrumentos virtuais seja um passo importante para mobilizarmos cada vez mais a sociedade civil Brasileira, que se mostra, a meu ver, desarticulada, sem força. Sendo assim, um passo a frente no que diz respeito à democracia.
A internet é um proveitoso meio de se utilizar para ampliarmos nossas fontes de informação, um meio mais democrático, livre, aberto, sem monopólio se assim podemos dizer, em comparação com outros veículos (televisão, rádio, imprensa). Porém, não devemos considerar como absolutas quaisquer informações que encontramos nesse veículo. Por ser aberta, democrática, qualquer tipo de informação pode estar presente nesse veículo. De fontes confiáveis a não confiáveis. Devemos estar atentos.
A internet se mostra como um veículo em que podemos ter acesso a várias informações ao mesmo tempo, fazendo de nós seres ubíquos, com espaço temporal e físico não determinado. A princípio isso se mostra apenas como uma vantagem. Porém, observando por outro lado, dispostos a várias informações – equivalentes ou antagônicas - ao mesmo tempo podem fazer de nós "conhecedores de momentos". Sabemos do que se trata apenas naquele momento em que estamos lendo. Depois de ler já não sabemos o que estava escrito naquela página da web, ou até mesmo em que página estava acessando. Talvez a disponibilidade de infinitas informações, fazem com que nós não demos atenção devida as informações que absorvemos, refletindo pouco ou quase nada sobre o que lemos. Um perigo! Não entrarei em detalhes.
Chamo atenção, para que nesse período de campanha eleitoral, em que a DISPUTA pelo PODER esta em voga, tomemos cuidado e tenhamos atenção com qualquer tipo de informação na qual deparamos por essa imensidão de informações que estão disponíveis na nas redes virtuais.



Matheus Gomes M. Ferreira

domingo, 25 de julho de 2010

"Dança dos Famosos"


Nessa onda de fim de período, nunca cansado de adquirir mais conhecimento, maior censo crítico, venho aqui escrever sobre a tal "Dança dos Famosos", transmitida pela rede Globo de transmissões no programa do Faustão.
Obviamente que para falar desse entretenimento não debruçarei apenas em minhas idéias, mas também, nas de outras pessoas como teóricos da famosa escola de Frankfurt,Theodor Adorno, Max Horkheimer e Walter Benjamin.
Segundo esses teóricos, tal entretenimento transmitido pela rede Globo não passa de um produto da "indústria cultural", produto este que visa o consumo em massa da população, visando sempre atingir o lucro, sucesso mercantil, alienando os indivíduos da verdadeira realidade em que eles vivem.
Apresentado como diversão, tal entretenimento se torna um sucesso nacional, dando muita audiência para a rede Globo. Afinal, é diversão que a massa deseja e consome. Até nossa diversão é centralizada por essa "indústria cultural", cujas técnicas de reprodução estão em constante dependencia de empresas maiores como de energia, financiamentos bancários, etc. Sendo assim, nossa diversão está monopolizada pela classe dominante, pelos "Dons Corleones" da vida.
A intensão desse entretenimento segundo os teóricos citados acima é de neutralizar o senso crítico das pessoas, fazer com que elas se adequem ao sistema vigente sem se rebelar contra ele. Para esses autores, todos os produtos dessa indústria cultural tem essa finalidade, além do lucro, claro.
Mais a fundo nessa questão, podemos afirmar que a finalidade do entretenimento é conformar as pessoas a dominação que elas estão subjulgadas em suas vidas rotineiras, dar força para que elas aguentem mais dias de dominação, de trabalho mecanizado. Um lado crítico dessa "indústria", desse sistema integrado.
Pensando por um outro lado, o da saúde pessoal, o entretenimento tem la suas qualidades. Mas isso não é justificativa para que aceitemos esse sistema. É muito necessário ter saúde para dar continuidade a nossa rotina, mesmo sendo ela de dominação, sendo também um passo importante para darmos início ao rompimento desse sistema. Falar em romper com o sistema é muito facil, o dificil é tornar isso prático. Imagina só parar de assistir televisão, parar de ler jornal, de ver filmes, entre outras as coisas. Ao negar o sistema, o próprio ja o rebaixa, o exclui. Isso não tem boas consequencias.

Mesmo com toda essa crítica sobre a "indústria cultural" não vejo ela como sendo um monstro que só nos faz mal, nos aliena. A própria televisão tem canais educativos que visam além do lucro, transmitir conhecimento para as pessoas (TV cultura por exemplo). Muitos filmes não tentam fazer com que vejamos a nossa realidade como uma extensão do que vimos nos filmes. Existem muitos filmes que nos abrem os olhos para problemas que não enchergamos na nossa realidade.
Devo chamar atenção para um carater dito acima, do que se refere ao lucro. Não é o carater de mercadoria que distingue uma produção artística "verdadeira" de uma produção artística "falsa". O que as diferencia é a sua finalidade. Na arte verdadeira a finalidade é a própria arte, interna. Na fala arte, a finalidade é apenas o lucro, sucesso de mercado e consumo em massa. É possivel encontrar essa discussão mais aprofundada nas obras dos teóricos citados acima. Sendo assim, vejo que a tal "Dança dos Famosos" é uma falsa arte, por exemplo.
Muitos outros programas de muitas outras emissoras fazem parte dessa "indústria cultural", mas não é de nosso objetivo citar todos eles, mas apenas fazer compreender do que se trata o geral.



Matheus Gomes Mendonça Ferreira.

domingo, 11 de julho de 2010

"Todo camburão tem um pouco de navio negreiro"


Todo Camburão Tem Um Pouco De Navio Negreiro
O Rappa
Composição: Marcelo Yuka

Tudo começou quando a gente conversava
Naquela esquina alí
De frente àquela praça
Veio os homens
E nos pararam
Documento por favor
Então a gente apresentou
Mas eles não paravam
Qual é negão? qual é negão?
O que que tá pegando?
Qual é negão? qual é negão?

É mole de ver
Que em qualquer dura
O tempo passa mais lento pro negão
Quem segurava com força a chibata
Agora usa farda
Engatilha a macaca
Escolhe sempre o primeiro
Negro pra passar na revista
Pra passar na revista

Todo camburão tem um pouco de navio negreiro
Todo camburão tem um pouco de navio negreiro

É mole de ver
Que para o negro
Mesmo a aids possui hierarquia
Na áfrica a doença corre solta
E a imprensa mundial
Dispensa poucas linhas
Comparado, comparado
Ao que faz com qualquer
Figurinha do cinema
Comparado, comparado
Ao que faz com qualquer
Figurinha do cinema
Ou das colunas sociais

Todo camburão tem um pouco de navio negreiro
Todo camburão tem um pouco de navio negreiro


Muito interessante pra pensarmos a situação do negro no Brasil contemporâneo. Analisando sua história inicial sob condição de escravos, excluidos economicamente e socialmente da sociedade e mesmo depois de sua liberdade, de suas conquistas sociais e econômicas ainda vivem subjulgados a outras formas de dominação, agora mascarada.

sábado, 3 de julho de 2010

Por que só com 'eles' ?

Dia 18 de junho de 2010: TRAGÉDIA EM PALMARES.

Acredito que todas as pessoas que acompanham qualquer tipo de mídia deve estar ciente da situação de Palmares, cidade do estado de Pernambuco. Pessoas mortas, desalojadas, passando fome, desoladas, sem nenhuma gota de esperança. Mas como se deu isso? Uma tromba d`água. É isso ai, uma trombaos d`água. Será a mãe natureza vingando de nós, do nosso incessante abuso desordenado de suas fontes naturais, de seus recursos excassos ?! Se sim, por que depositar sua força vingadora na cidade de Palmares ?

Proponho uma outra visão desse problema, não com um foco ambiental mas sim social. Insisto que dentre todos problemas que o nosso admirável país - Brasil - enfrenta, o mais grave é o social.
Primeiramente, gostaria de recaptular sobre uma figura histórica, Zumbi dos Palmares. A cidade de União dos Palmares tem esse nome pois, segundo a tradição local, na foz do rio Pirangui havia um reduto da famosa república dos negros. É desse quilombo que se constitui a cidade de União dos Palmares. O que quero dizer com essas informações é que, União dos Palmares tem em sua história, herança cultural os valores escravocratas. Sim, dos escravos: seres humanos que tiveram sua força de trabalho explorada, desumanizada, rebaixada e que até hoje não receberam seus devidos valores. Vemos isso nessa tragédia; tragédia que mostra um povo esquecido, não o único em nosso país - existem muitos outros, principalmente no nordeste - que mostra que o fim da escravidão não representa um grande passo para a igualdade.

Gostaria de ter maior aporte teórico para desenvolver mais esse problema, mas tenho que me contentar com o que cabe a mim neste momento. Sendo assim, citarei qual a comparação que o nosso excelentissimo presidente da república fez ao analisar a tragédia de Pernambuco e Alagoas: "Uma tragédia que pode ser comparada ao terremoto do Haiti." A priori, nada de mais, apenas uma comparação entre os danos causados. Mas não desejo ficar só nisso. Essa comparação de Lula nos tráz muitos questionamentos.
A começar, devo dizer que o problema do Terremoto no Haiti também não deve ser pensado apenas como uam tragédia ambiental, mas também social. O Haiti era um caos antes mesmo de sua tragédia. Não tinha nem sequer uma sciedade civil articulada naquele lugar, PIB era assustador, o IDH então nem se fala.
Pois bem; se o nosso presidente comparou a tragédia do Haiti com a do Nordeste, isso significa que nós TEMOS um HAITI no BRASIL. Sim, é isso ai: o HAITI também está aqui. Parece assustador afirmar isso, mas é necessário para entendermos porque a cidade de União dos Palmares se encontra dessa forma após uma tromba d`água. Gostaria de chama-los a um fato ficticio: Se ocorre uma tromba d`água na cidade do Rio de Janeiro, qual região seria mais afetada, o complexo do Alemão ou Copacabana? Nem preciso responder né. Imagino que a essa altura a imaginaçao do caro leitor ja esteja trabalhando para compreender porque afirmei no início que não se trata de apenas um problema ambiental, mas sim social. Se tal fato ocorresse, o resultado ja seria esperado. Enquanto copacabana poderia ter no máximo uma queda de energia, o complexo do alemão estaria em chamas, ou seja, em aguas, lágrimas, paginas de uma tragédia contada. Essa é nossa democraca, capturada, raptada e esquartejada pelo capitalismo, pelo desejo de superioridade, individualidade entre outras coisas maléficas. É a hora de passarmos a enchergar os fatos não apenas pro duas formas, como tragédias que acontecem e podem acontecer em qualquer lugar, cidade, estado, país e começarmos a refletir sobre eles, buscando explicações e porquês.
Fico por aqui torcendo para que mudemos nosso pensamento, nossa imagem de Brasil e pedindo desculpas pela falta de aporte teórico mais ampliado.



Matheus Gomes
Ciências Sociais, UFJF.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Democracia e burocracia.



Ontem, dia 30 de junho de 2010, tive a honrosa oportunidade de presidir a mesa diretora da plenária final do Projeto Parlamento Jovem Mingas Gerais no município de Juiz de Fora. Confesso que fiquei bastante ancioso, mas no decorrer da seção a normalidade foi estabelecida. Foi de grande proveito para mim, estudantes de ciências sociais e também cidadão, membro de uma sociedade civil.
Como estudante de ciências sociais observei uma parte do sistema democrático brasileiro, o poder legislativo no âmbito municipal. Como membro de uma sociedade civil observei os membros da mesma participando na criação de prjeto de leis, trabalhando em uma união entre sociedade civil e sociedade política, caminhando contra a apatia política.
A plenária tinha por objetivo colocar em debate as propostas criadas pelos alunos do Colégio dos Santos Anjos, Santa catarina e Coronel Antonio Alves, privilegiando 9 - três por cada subtema - proposta que serão enviadas a plenária final estadual, que acontecerá na capital Belo Horizonte no mês de setembro.
Foram três horas de debate, de aula de democracia, como também aula de burocracia, muita burocracia. Comumente encaramos a burocracia como algo ruim, retrógrado, que impede o avanço acelerado das coisas. Podemos com esse argumento expor o funcionamento do porder judiciário, toda burocracia que deve ser seguida e toda demora que é para conhecermos o veredito. Porém, um ditado popular cairá perfeitamente aqui para que possamos dar continuidade dessa discução acerca de burocracia e democracia: "Os apressados comem cru." E é isso que pode acontecer caso não haja burocracia em uma democracia, correndo o perigo de decisões inviáveis serem tomadas.
Em uma democracia deve imperar o dialogo, a dialética dos argumentos para que a melhor decisão seja tomada. A melhor decisão é aquela que visa o bem comum, saciando as necessidades da sociedade civil. E foi isso que se passou ontem, puro debate, defesa e ataque de propostas entre muitas outras coisas...

A dinâmica da plenária já havia sido apresentada aos alunos e basicamente se baseava primeiramente na leitura das propostas e em pedidos de destaque. Os destaques eram solicitados quando um dos parlamentares pedia esclarecimento da proposta, caso não a entendesse, quando desejava fazer alguma alteração ou aglutinação e também quando pedia exclusão da proposta. Se um parlamentar pedisse destaque, ele se dirigia ao microfone e apresentava seu destaque, seu argumento dando assim direito de um outro parlamentar contra argumentar. Se houvesse três pedidos de destaque e os destacantes argumentassem, dava direito de outros três parlamentares contra argumentarem. Imagine agora seguir todas essas regras para todas as propostas¿ Exigindo que os parlamentares respeitem toda burocracia da instituição. Parece ser ruim, mas é muito necessário. Essa burocracia permite a dialética ordenada dos argumentos, podendo sair daí a melhor decisão.
Concluindo, então, não foi meu objetivo aqui defender a burocracia, tenho muitas críticas quanto essa forma racional de sistematização, mas mostro algum de seus lados positivos.


Matheus G. M. Ferreira.
Departamento de Ciências Sociais, UFJF