terça-feira, 15 de novembro de 2011

O plano “UPP”: ocupar sem integrar




O fato não se inicia agora, mas há alguns meses atrás com a ocupação de outras favelas que não a Rocinha, Vidigal e Chácara do Céu, totalmente ocupadas nessa segunda feira, véspera de feriado do dia da Proclamação da República, pelas forças que usam de forma legítima da violência para assegurar a ordem do país e estados (Polícia Militar, Civil, Forças Armadas em geral).
Acerca desses fatos gostaria de levantar algumas considerações no que tange esse processo de ocupação das favelas e da implantação de Unidades de Política Pacificadora (UPP) nas mesmas. As informações que a mídia, em particular a Rede Globo, lança aos telespectadores de plantão serão postas em comparação com a realidade de fato. Sendo assim, já desconsidero as visões que a Globo entre outras emissoras fazem desses fatos.
As informações que recebemos dessas invasões mostram que a situação da favela e das pessoas que lá residem é de extrema pobreza: não há saneamento básico, coleta de lixo precária, escolas de qualidade, acesso à saúde, segurança etc. Todas essas “ausências” e “precariedades” são de responsabilidade do Estado. O problema é que tudo isso vive sendo justificado pela presença do tráfico e traficantes nas favelas. O que tem a criação de um hospital a ver com um traficante? O que tem a ver uma educação de qualidade com o tráfico de drogas? Os problemas enfrentados pelas favelas em geral são mais pela falta do Estado do que pela presença do tráfico.
Sendo assim, qual o fundo que não quer ser tornado público sobre as UPP’s? Essas unidades são, nada mais nada menos do que medidas de repressão, que criminalizam a pobreza, que reprimem moradores e trabalhadores das favelas, que fazem um cinturão que se desenha como um cerco entre as áreas pobres e a zona sul (onde se concentra o verdadeiro Rio de Janeiro da mídia e dos estrangeiros). Os mega eventos – Copa de 2014 e o PAN – também tem influência sobre isso. Por que só agora, depois de anos que esse fato está ocorrendo sendo esse processo de tanto interesse do Estado.
Não defendo aqui a permanência do tráfico nas favelas, mas não defendo a ideia de que a presença e a força que o tráfico tem assumido seja por escolha e pela disposição espacial delas, mas pela inoperância do Estado nessas terras. “Nem bandido nem polícia, será o dia do alívio”. Esse trecho retirado da música Dia do Alívio do grupo carioca Forfun retrata bem minha posição perante esse problema, por mais utópico que seja. Por fim, concluo dizendo que todo esse projeto de melhora de vida levada as favelas por meio das UPP’s são ilusórios. Ela não leva a redistribuição, portanto não leva a integração asfalto-favela. Ela representa apenas uma dominação territorial, uma guerra maquiaveliana de ocupação e controle do território.

Um comentário:

Matheus Mendes disse...

E é curioso que esse mesmo estado que constrói as UPP`s é o estado que aceita a verba criminosa do ´´Nem``. Onde está o problema né, como vc mesmo insinuou?