quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Liberdade Seletiva


Os Estados Unidos da América, tido por vários países (inclusive por eles próprios)como centros de referência no que tange a igualdade, liberdade, modernidade, entre outros adjetivos mostra que esses mesmos adjetivos só podem ser vivenciados por seus nativos. O país dito democrático convive com o problema - assim assumido por eles - da imigração, ou seja, a entrada no país de indivíduos de outras nacionalidade, etnias, em sua grande maioria hispânicos. Medidas políticas são tomadas a anos para controlar esse fluxo migratório, seja levantando muros nas fronteiras, os mesmos escoltados pelo exército, deportando os imigrantes "ilegais", etc.
Acabo de ler na Carta Capital que lançou, no Estado do Alabama, o HB 56, parte da legislação anti imigração, que obriga as escolas a notificarem aos órgãos federais a situação dos alunos imigrantes. Essa medida teve impactos maléficos: milhares (1783 especificamente) de crianças e jovens deixaram de frequentar a escola por medo de serem, com suas famílias, despejadas para fora do país. Se a população hispânica já não está inserida de fato na sociedade norte-americana em todos seus aspectos político, social e econômico, imagine agora com a baixa do nível educacional destes. Essa medida só esquenta ainda mais o preconceito contra os imigrantes nos EUA, seja na escola com a figura do aluno estigmatizado, ou expressa nas discrepâncias das rendas desses imigrantes postas ao lado dos "nativos". Casos em que dois indivíduos - um hispânico e outro "nativo" - que ocupam o mesmo cargo numa empresa receberem salários diferentes é mais do que comum, é praticamente uma regra social. Nesse período de crise até que os norte- americanos aceitam receber os mesmo salários, mas aposto que não por muito tempo.
Outros problemas, talvez menores, mas existentes afetam diretamente a economia, uma vez que as famílias de imigrantes estão mudando do Estado deixando para trás safras e mais safras de alimentos que irão apodrecer.
Os EUA não são os primeiros a passarem por isso. Esse fato é histórico, seja no Apartheid ou mais recente na França, quando o primeiro ministro pagou uma taxa de retorno (ao país de origem) para os imigrantes que geralmente vinham do norte da África.
Um país que, como os EUA, querem se dar o luxo de serem os mais democráticos, mais livres, etc. devem, obrigatoriamente saber lidar com as diferenças de forma que os dois lados sejam atendidos e não legitimar uma tirania da maioria, como foi apontada por Toqueville e é a realidade daquele país.
Contudo, essa medida já começa a ser discutida por diversas instituições, inclusive dos professores, como a AFT (Federação Americana dos Professores; sigla em inglês).

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