domingo, 23 de outubro de 2011
Entre intelectuais e artistas
Em uma das minhas visitas ao site www.cartacapital.com.br me deparei com uma campanha arquitetada por Fernando Meirelles - cineasta, roteirista e produtor brasileiro - reconhecido por trabalhos como Cidade de Deus, O Jardineiro Fiel, Ensaio sobre a Cegueira (José Saramago)cujo objetivo é levar verbalizações indignadas, aos senadores, no que toca a proposta do novo Código Florestal, encampada por Aldo Rebelo (PCdoB,SP). Para tal missão, Meirelles convoca o alto escalão de atores e artistas, que entre eles estão: Wagner Moura, Lenine, Rodrigo Santoro, Fernanda Torres. Esses nomes são mais do que comuns no Brasil, de norte a sul, leste a oeste, sempre lembrados como "figuras televisivas", celebridades.
Podemos afirmar que no Brasil os diversos tipos de movimentos sociais estão na maioria dos casos associados a este subgrupo de indivíduos. Documentários sobre a ditadura militar, o movimento das "Diretas Já!", os "Caras pintadas" mostram como esse segmento se mostrou presente nos processos de mobilização social. Seja com Vinícius de Moraes, Tom Jobim e Elis Regina apoiando e convocando o povo brasileira a ir as ruas contra a ditadura, seja Geraldo Vandré levantando as massas no "Festival de Música Popular Brasileira" com "Pra não dizer que eu não falei das flores". Não só nos movimentos sociais mas também nas interpretações do Brasil que vieram desde cedo nos sambas de Noel Rosa e depois com Chico Buarque de Hollanda, entre muitos outros artistas. No cinema tínhamos a grande figura de Glauber Rocha. Sendo assim, não é estranho a nós essa atividade cultural-política de atores da esfera cultural brasileira nos diversos processos e fatos nacionais. Atualmente esses papeis vem sendo mais incorporados por atores da grande mídia televisiva (massmedia).
Podemos colocar alguns questões que problematizem o tema. Uma delas é acerca do papel ideológico do artista e do tipo de ideologia que este leva em seus discursos, ações etc. Será capaz o artista de atuar como intelectual orgânico de uma classe promovendo os interesses desta e, também, despertar uma visão critica nas pessoas acerca da vida e corpo social que estas estão inseridas? Geralmente esse papeis são destinados aos intelectuais. Se recorrermos a algum autor encontraremos em Gramsci leituras que dizem respeito aos papeis dos intelectuais na sociedade. Constitui-se assim uma visão de "intelectuais públicos", que Luis Werneck Vianna faz gosto.
Portanto, uma coisa é certa: Na falta de "intelectuais públicos" a figura de ator e artista assume esse papel, tendo no Brasil uma de suas expressões.
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