sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Economicismo sem limites.


"O Presidente do IBAMA se demitiu ontem devido à pressão para autorizar a licença ambiental de um projeto que especialistas consideram um completo desastre ecológico: o Complexo Hidrelétrico de Belo Monte.

A mega usina de Belo Monte iria cavar um buraco maior que o Canal do Panamá no coração da Amazônia, alagando uma área imensa de floresta e expulsando milhares de indígenas da região. As empresas que irão lucrar com a barragem estão tentando atropelar as leis ambientais para começar as obras em poucas semanas.

A mudança de Presidência do IBAMA poderá abrir caminho para a concessão da licença..."

Tal citação foi transcrita de um e-mail que recebi de um grupo de mobilização social, Avaaz, que lutou por várias causas como o projeto ficha limpa, pela libertação de Sakineh, no Irã, entre muitas outras causas. O Avaaz é um grupo que cotidianamente levanta a bandeira do desenvolvimento social, econômico- sustentável, político, etc.
A partir desse email que recebi, trabalharei por escrito nesta página a questão da dialética HOMEM vs. NATUREZA, e a subordinação das esferas culturais, sociais e políticas à econômica, característica do desenvolvimento capitalista industrial visto nas obras de Marx.
O que se passa em "Belo Monte" é mais um símbolo do desenvolvimento capitalista mundial, ou seja, um grupo de empresários da esfera privada atuando junto com a esfera pública - o Estado -, e talvez, confundindo estas duas esferas, transformando o público no privado, como ocorre muito em nosso país.
Dentro da lógica da produção é clara a idéia de "produção primitiva", objetivada no trabalho com a matéria prima para alcançar o produto manufaturado, elevando assim seu valor de uso- troca. Em "Belo Monte", a matéria prima nada mais é que a própria natureza (ecossistemas, entre outras categorias biológicas), e o produto manufaturado é o Complexo Hidrelétrico de Belo Monte, com todos seus pilares de concreto que transformará a água, a cultura das comunidades que ali habitam (indígenas, pescadores, etc.) e o próprio ecossistema em dinheiro; dinheiro esse repassado apenas a uma parcela de empresários investidores.
Para construir é preciso destruir (alguns preferem o termo transformar do que destruir). Essa é a lógica do capitalismno. O homem em sua indústria, visando sempre a produção, consumo e lucro, vive numa constante diáletica com a natureza, fonte ESGOTÁVEL de matéria prima.
A justificativa para a construção de Belo Monte é clara: DESENVOLVIMENTO. Mas, esse desenvolvimento se dá apenas na esfera econômica, ou abrange outras esferas como o social e cultural? Há de se pensar que essa construção irá "submergir" grande parte da história indígena e de outras comunidades que habitam a região projetada para o Complexo Hidrelétrico. Para esses fortes representantes do capitalismo moderno, a história dessas comunidades e tribos nada significa perto do "desenvolvimento" que a Usina irá trazer. Essa é outra característica do capitalismo, transformar tudo em lucro, visar somente o lucro, tornar tudo mercadoria para jogar no mercado e, visando somente o lucro.
Não há de se negar que a construção do Complexo Hidrelétrico levará energia elétrica para muitas casas do país, casas que talvez acenderão suas primeiras lâmpadas elétricas. É a contra- mão do projeto. Porém, como culturalista e pró meio ambiente, penso ser muito mais viável por em prática projetos sustentáveis que trabalhem com energia "limpa", de fontes renováveis, que protejam os direitos indígenas e das comunidades locais, promovendo o desenvolvimento social e econômico local.

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