sábado, 11 de setembro de 2010
O panorama não agrada.
Mais uma vez, neste blog, retomo questões ligadas ao cenário político eleitoral brasileiro, agora para expor minha opinião a respeito do que podemos chamar de despartidarização e despolitização das eleições em nosso país. Toda essa idéia surgiu após tomar consciência da candidatura de "Tiririca", "Mulher pêra" entre outros candidatos a Deputado Federal.
As quais questões esses fatos podem nos levar? A começar, podemos trabalhar sob uma idéia de despartidarização, presente em nosso cenário político nacional. A candidatura de “Tiririca” e seus congêneres significa, a meu ver, uma perda de sentido ideológico do partido, ou seja, os partidos estão excluindo de suas pautas políticas as ideologias fundadoras dos mesmos. A candidatura pela apresentação de ideais parece uma utopia. O que os partidos têm em mente, como tiveram desde a época de uma Alemanha reconstruída, descrita por Max Weber (in “Parlamentarismo e Governo numa Alemanha reconstruída”), foi e é a tomada do poder. O interesse dos partidos é alcançar, sob qualquer princípio legal ou ilegal, uma cadeira de influência política no que diz respeito ao Estado, para assim aumentar suas influências políticas. Uma vez ocupando essa cadeira, a finalidade ultima do Estado se objetiva na distribuição interna e externa de poder para os clientes do partido. Sendo assim, internamente e externamente não há diferenças entre os partidos, sendo eles um núcleo de relações burocráticas e hierárquicas que visam somente a conquista do poder.
Podemos anexar a essa discussão, também a idéia de clientelismo partidário. Quanto mais apoiadores o partido tem, mais forte ele fica. Essa é a lógica do nosso sistema democrático, como também de muitos outros.
O que seria então, o “fenômeno Tiririca”? Nada mais nada menos do que uma jogada política que se debruça sobre um momento de despolitização das eleições para aumentar as influências do partido no Estado. Essa despolitização das eleições retrata perfeitamente nosso cenário político. Ao invés das eleições significarem um momento em que agimos politicamente (por meio do sufrágio) visando atender as carências do nosso país, encaramo-as descrentemente como um fato que não atenderá em nenhum aspecto as carências do nosso país, muito pelo contrário, encaramo-as como um espetáculo de circo em que apresentar-se como palhaço significa aumentar ainda mais sua chance de se eleger, acreditando que pior do que vivenciamos não ficará. Tal situação é alarmante. É sob essa descrença na sociedade política que candidatos como os citados acima são eleitos. Mas, não devemos pensar que a culpa dessa descrença da sociedade civil acerca da sociedade política é fruto apenas da última. A democracia é como uma pista de mão dupla, ou seja, todas as nossas decisões como os dos governantes são sentidas nas duas esferas. Quero deixar claro que a culpa de nossa descrença não é fruto apenas da má ação dos nossos representantes, mas também das nossas más ações. Se não retomarmos a consciência da importância política que as eleições representam, o cenário político não mudará. Continuará sendo um jogo pelo poder em que o melhor vence. E para ser melhor basta conquistar a maioria dos votos.
Ainda acerca desse "fenômeno Tiririca", podemos prolongar nossa discussão para um assunto recente: a aprovação do projeto "Ficha Limpa". Tal projeto veta a participação de políticos que estejam com o nome sujo no cenário político, porém, penso que isso não é o bastante para mudarmos nossa forma de fazer política. Claro que o projeto tem suas vantagens, mas não é suficiente, uma vez que candidatos sem postura de verdadeiros representantes do povo podem ser eleitos. Talvez seja viável uma reforma política. Ponto que gera muitas outras discussões.
Realmente o panorama político vivenciado por nós não me agrada nem um pouco, mas há a quem agradar, talvez àqueles que exerçam a política como profissão e não como vocação.
domingo, 5 de setembro de 2010
Tem que saber jogar, camarada.
Há tempos que não passo aqui. Estou completamente acorrentado as atividades da Universidade, criando assim empecilhos para dar continuidade ao meu trabalho no blog. Porém, quando o ócio domina o meu tempo, procuro fazer o que farei agora, nas palavras abaixo.
Como todos sabem (pelo menos espero que saibam), estamos em período de campanha política, muita campanha, movida por qualquer tipo de mídia (TV, rádio, internet, etc.), em que muitas informações estão sendo criadas e transmitidas a nós. E é sobre essas informações políticas, mais especificamente a apenas uma, que trataremos no decorrer deste texto.
Como de não costume, estava assistindo TV nesse final de semana quando presenciei uma propaganda política se colocando claramente contra a candidatura de Dilma R. (PT). A propaganda mostrava talvez uma das atitudes mais questionaveis do Partido dos Trabalhadores nesse ano de eleição (e isso é pensado e por muitos integrantes do próprio partido), sua união com partidos como o PMDB, envolvido em vários escandalos, entre eles o mais alarmante caso de José Sarney e o fato da candidatura de Dilma R. ser defendida por nada mais, nada menos que F. Collor de Mello, quem DISPUTOU a cadeira presidencial com o presidente Luiz Inácio da Silva 1990. Nada de mais vencer o "Lula" numa eleição e anos depois estar apoiando seu partido em outra eleição, a meu ver claro. Porém, o fato se prolonga quando pensamos que o próprio Collor utilizou a filha de Lula como instrumento de sua campanha política. Ai sim podemos pensar em questionar o apoio de Collor ao PT.
Outros pensamento ganham espaço em minha cabeça, como por exemplo: "Tá na cara que é o PSDB que está por baixo dos panos nessa jogada. Por que estão focando nesse assunto e qual o propósito de divulgar isso?". As respostas não me fogem, e aqui trabalharei elas.
Influenciado pelos pensamentos do moderno filósofo N. Maquiavel a respeito da moral e a esfera política e também influenciado pelas palavras mencionadas pelo meu professor de Ciências políticas Dr. Raul F. Magalhães em uma palestra sua em uma semana de Ciências Sociais, organizei meu pensamento e montei a resposta.
Toda essa informação eleitoral que a TV apresentou não passa de um marketing político baseado em um discurso moral que visa a massa leiga. Segundo Raul, a massa leiga é mais sensível a informações de ordem moral, ou seja, um político que faz uso de um discurso moral perante a essa massa leva vantagem em seu argumento sobre aquele que utiliza um discurso técnico. Quando o contexto se inverte e o destino do argumento é uma minoria "não-leiga", o resultado é diferente.
Ainda sobre isso tudo, devo pensar que o livro de cabeceira de todo político em período de elição deva ser "O Príncipe" de Maquiavel, pois nele temos toda informação de como fazemos para sermos o príncipe, o melhor governante, aquele que é amado e temido pelas pessoas, aquele que acreditamos ser o mais apto a nos representar.
TEnho convicção de que se a situação fosse diferente, se o PT estivesse atráz nas pesquisas presidenciais, faria a mesma coisa, só que com personagens diferentes, como por exemplo FHC, entre outros. Fica claro que a Política se apresenta cada vez mais como um jogo, um jogo que não tem nada de esportividade, mas sim de agressividade, em que aqueles que não estão afins e dispostos a jogar serão atropelados por aqueles que a desejam por vocação ou como uma oportunidade de lucro, de ascenção.
Política exige muito de nós, e primeiramente devemos gostar dela: "Quem não gosta de política, sempre será governado por quem gosta".
Atenciosamente, Matheus Gomes.
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