quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Comissão da Verdade / Ditadura


Acabo de ler em http://sarauxyz.blogspot.com/2011/10/argentina-condenacao-criminosos.html uma notícia que me agradou muito: os militares, atores de violência e tortura no período ditatorial Argentina foram condenados. É sempre importante resgatar na história alguns fatos que ocorreram e tentar reparar danos, mesmo que estes sejam simplórios perto dos PREJUÍZOS causados. Tal atitude só fortalece a ideia de que a Argentina, nossos hermanos, não tem medo do seu passado, mesmo quando este é perverso. Salve me engano, a ditadura Argentina foi a que mais sanguinária da América Latina.
Enquanto isso no Brasil a tal da Comissão da Verdade se mostra opaca, sem definição do que levará a público, com medo de apresentar ao país quem esteve por traz da ditadura militar, que por sinal vai muito além dos militares, quem financiou, quais os verdadeiros interesses que estiveram por traz desse "golpe de Estado", da coroação de um "bloco histórico" que surrupiou nosso país, vendendo-o a preço de banana. Até hoje sofremos os efeitos deletérios desse período, e digo: constituem ainda os eixos do nosso projeto político e econômico.
Mas qual o sentido de esquecer o passado? Com certeza esse é um dos pré requisitos para superar o atraso, o tradicional que segundo nossos "salvadores" só impedem a instauração do moderno, racional. Isso se justifica ainda mais, dentro dessa lógica, quando um país possui uma história de aproximadamente 300 anos de escravidão - país este que tem 511 anos de "história relatável"-. Deve ser isso o que se passou na cabeça de Rui Barbosa, ídolo de muitos advogados positivistas, quando mandou queimar os arquivos da escravidão. Essa dialética tradicional vs. moderno que chegou a nós como uma imposição do "centro" só traz modernização para uma classe, a que está por cima, detentoras dos mais lucrativos "ativos de produção", monopolizadores do capital. Para o restante da população (QUE É A MAIORIA) fica apenas o stigma de atrasado, delinquente, marginal. Quem produz isso é essa burguesia nacional e internacional.
Olhar para o nosso passado sem vergonha e medo do que de fato aconteceu é essencial para construirmos um país para o povo brasileiro. É por não olhar para o passado que se "cria constituição francesa para não franceses", novo código florestal para pequenos produtores e de subsistência (históricos em nosso país), entre muitas outras façanhas.
Acredito que o Brasil dará um passo muito importante tornando público e condenando os atores desse golpe contra o país, contra o povo brasileiro.

domingo, 23 de outubro de 2011

Entre intelectuais e artistas


Em uma das minhas visitas ao site www.cartacapital.com.br me deparei com uma campanha arquitetada por Fernando Meirelles - cineasta, roteirista e produtor brasileiro - reconhecido por trabalhos como Cidade de Deus, O Jardineiro Fiel, Ensaio sobre a Cegueira (José Saramago)cujo objetivo é levar verbalizações indignadas, aos senadores, no que toca a proposta do novo Código Florestal, encampada por Aldo Rebelo (PCdoB,SP). Para tal missão, Meirelles convoca o alto escalão de atores e artistas, que entre eles estão: Wagner Moura, Lenine, Rodrigo Santoro, Fernanda Torres. Esses nomes são mais do que comuns no Brasil, de norte a sul, leste a oeste, sempre lembrados como "figuras televisivas", celebridades.
Podemos afirmar que no Brasil os diversos tipos de movimentos sociais estão na maioria dos casos associados a este subgrupo de indivíduos. Documentários sobre a ditadura militar, o movimento das "Diretas Já!", os "Caras pintadas" mostram como esse segmento se mostrou presente nos processos de mobilização social. Seja com Vinícius de Moraes, Tom Jobim e Elis Regina apoiando e convocando o povo brasileira a ir as ruas contra a ditadura, seja Geraldo Vandré levantando as massas no "Festival de Música Popular Brasileira" com "Pra não dizer que eu não falei das flores". Não só nos movimentos sociais mas também nas interpretações do Brasil que vieram desde cedo nos sambas de Noel Rosa e depois com Chico Buarque de Hollanda, entre muitos outros artistas. No cinema tínhamos a grande figura de Glauber Rocha. Sendo assim, não é estranho a nós essa atividade cultural-política de atores da esfera cultural brasileira nos diversos processos e fatos nacionais. Atualmente esses papeis vem sendo mais incorporados por atores da grande mídia televisiva (massmedia).
Podemos colocar alguns questões que problematizem o tema. Uma delas é acerca do papel ideológico do artista e do tipo de ideologia que este leva em seus discursos, ações etc. Será capaz o artista de atuar como intelectual orgânico de uma classe promovendo os interesses desta e, também, despertar uma visão critica nas pessoas acerca da vida e corpo social que estas estão inseridas? Geralmente esse papeis são destinados aos intelectuais. Se recorrermos a algum autor encontraremos em Gramsci leituras que dizem respeito aos papeis dos intelectuais na sociedade. Constitui-se assim uma visão de "intelectuais públicos", que Luis Werneck Vianna faz gosto.
Portanto, uma coisa é certa: Na falta de "intelectuais públicos" a figura de ator e artista assume esse papel, tendo no Brasil uma de suas expressões.

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Liberdade Seletiva


Os Estados Unidos da América, tido por vários países (inclusive por eles próprios)como centros de referência no que tange a igualdade, liberdade, modernidade, entre outros adjetivos mostra que esses mesmos adjetivos só podem ser vivenciados por seus nativos. O país dito democrático convive com o problema - assim assumido por eles - da imigração, ou seja, a entrada no país de indivíduos de outras nacionalidade, etnias, em sua grande maioria hispânicos. Medidas políticas são tomadas a anos para controlar esse fluxo migratório, seja levantando muros nas fronteiras, os mesmos escoltados pelo exército, deportando os imigrantes "ilegais", etc.
Acabo de ler na Carta Capital que lançou, no Estado do Alabama, o HB 56, parte da legislação anti imigração, que obriga as escolas a notificarem aos órgãos federais a situação dos alunos imigrantes. Essa medida teve impactos maléficos: milhares (1783 especificamente) de crianças e jovens deixaram de frequentar a escola por medo de serem, com suas famílias, despejadas para fora do país. Se a população hispânica já não está inserida de fato na sociedade norte-americana em todos seus aspectos político, social e econômico, imagine agora com a baixa do nível educacional destes. Essa medida só esquenta ainda mais o preconceito contra os imigrantes nos EUA, seja na escola com a figura do aluno estigmatizado, ou expressa nas discrepâncias das rendas desses imigrantes postas ao lado dos "nativos". Casos em que dois indivíduos - um hispânico e outro "nativo" - que ocupam o mesmo cargo numa empresa receberem salários diferentes é mais do que comum, é praticamente uma regra social. Nesse período de crise até que os norte- americanos aceitam receber os mesmo salários, mas aposto que não por muito tempo.
Outros problemas, talvez menores, mas existentes afetam diretamente a economia, uma vez que as famílias de imigrantes estão mudando do Estado deixando para trás safras e mais safras de alimentos que irão apodrecer.
Os EUA não são os primeiros a passarem por isso. Esse fato é histórico, seja no Apartheid ou mais recente na França, quando o primeiro ministro pagou uma taxa de retorno (ao país de origem) para os imigrantes que geralmente vinham do norte da África.
Um país que, como os EUA, querem se dar o luxo de serem os mais democráticos, mais livres, etc. devem, obrigatoriamente saber lidar com as diferenças de forma que os dois lados sejam atendidos e não legitimar uma tirania da maioria, como foi apontada por Toqueville e é a realidade daquele país.
Contudo, essa medida já começa a ser discutida por diversas instituições, inclusive dos professores, como a AFT (Federação Americana dos Professores; sigla em inglês).

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Quem constrói as informações da mídia?



Precisamos de uma revolução na mídia brasileira. É impossível acreditar na neutralidade da mídia, ainda mais na sua liberdade de imprensa. Esse segmento adora reivindicar sua liberdade de imprensa para poder sensurar seus próprios funcionários. Esse não é o primeiro caso . Lembro logo do caso de Maria Rita Khel, demitida por "um delito de opinião" (palavras dela). Esta psicanalista foi demitida, após expor sua opinião acerca do "Bolsa Família", (ver http://diogotourino.blogspot.com/2010/10/dois-pesos-maria-rita-kehl-o-estado-de.html ) do Estado de São Paulo (Estadão). Quando o ex-presidente Lula afirmou que a mídia atua como partido, esse segmento se sentiu a classe mais ofendida do mundo: ofendidos pela verdade. Paro por aqui com uma pergunta para que todos reflitam: QUEM CONSTRÓI A INFORMAÇÃO QUE CHEGA A SUA CABEÇA? OS FATOS EM SI OU O QUE UMA CLASSE QUE INTERPRETA ESSES FATOS, TENDO SEUS INTERESSES COMO PONTOS FULCRAIS DESSA INTERPRETAÇÃO? TODO CUIDADO COM A MÍDIA É POUCO!